Diferenciando Adjunto Adnominal e Complemento Nominal

16/02/2012 22:47

E aí, gente, tudo bom? Nesse artigo vamos diferenciar dois sintagmas que podem ser facilmente confundidos o Adjunto Adnominal o Complemento Nominal. Antes de tudo, vamos conceituar o complemento nominal. Repare nas seguintes orações:

 

            - A construção atrasou
            - Tenho medo
            - Moro perto
            - Sou bom

Elas são possíveis de serem ditas em nosso idioma, mas, note que os nomes podem receber complementos. Construção do quê? Medo de quê? Perto de onde? Bom no quê?  E se fossem escritas dessa maneira?

            - A construção do prédio atrasou
            - Tenho medo de matemática
            - Moro perto do trabalho
            - Sou bom em gramática

Isso ocorre porque todas as palavras escritas acima em itálico e sublinhadas são consideradas transitivas, ou seja, admitem complementos. Os termos em negrito inseridos estão a complementando, ou seja, são COMPLEMENTOS NOMINAIS. E qual seria uma boa definição deles?

Complemento Nominal
É um termo integrante (ou seja, complementa o sentido de termos transitivos) que SEMPRE aparece preposicionado. Pode complementar substantivos abstratos, advérbios e adjetivos (mantendo a ordem que apareceu acima).

 

Atenção para quando falamos sobre substantivos abstratos. De modo geral, são diferententes de seus opostos, os concretos em relação a admitirem Complementos. Pode-se até dizer que os substantivos abstratos admitem um termo que funciona como seu agente e outro como paciente. Note:

"A pintura da casa pelos pintores ficou linda"

 

"Pintura" é um substantivo abstrato, fato esse justificado por ele admitir um agente do "ato de pintar" (os pintores) e um paciente da "pintura" (a casa). Um substantivo concreto não funcionaria assim (Comi um bolo de cenoura. A cenoura não é agente nem paciente do bolo, afinal, bolo é um substantivo concreto, não tem nem como pensarmos nessa possibilidade).

 

Conceito entendido? Então, vamos fazer uma comparação breve entre Adjunto Adnominal e Complemento Nominal:

(Não se lembra da definição de Adjunto Adnominal? Reveja aqui https://ivanperina.webnode.com/news/diferenciando-predicativo-de-adjunto-adnominal-ambiguidades/ )

 

Adjunto Adnominal Complemento Nominal
Qualifica Complementa
Liga-se a Substantivo Liga-se a Substantivo abstrato, advérbio e adjetivo
Pode apresentar preposição Sempre apresenta preposição

Apenas com essa comparação, já podemos ver critérios práticos para diferenciá-los, como a presença de preposição. Porém, algumas vezes é difícil identificar se ele é integrante ou acessório. Repare nas frases:

            - A invenção do avião por Santos Dumont foi genial.
            - O medo de baratas da minha mãe é imenso.

Temos dois termos preposicionados ligados a substantivos deverbais. Qual deles é Complemento e qual é adjunto? Pois bem, vamos analisar uma paráfrase delas:

            - Santos Dumont inventou o avião e foi genial.
            - Minha mãe tem medo de baratas e é imenso.

Note que, como os substantivos são deverbais e indicam ações, podem aparecer os agentes e pacientes dessas ações. Os agentes são “Santos Dumont” e “Minha mãe”, enquanto os pacientes são “o avião” e “baratas”. Tal relação se mantém nas frases originais, havendo um termo agente e um paciente para os substantivos deverbais.

 

“E por que você está me falando isso, professor?”. Ok. Vamos finalizar. Os termos que funcionam como Agentes serão considerados Adjuntos Adnominais e os Pacientes, Complementos Nominais (para facilitar a memorização, Agente – Adjunto = vogais; Paciente – Complemento = Consoantes).

Sintetizando tudo o que vimos, podemos ver o fluxograma abaixo.

 

Tente classificar os termos abaixo usando o fluxograma. Caso fique dúvida, mande e-m ail!!

            - A votação da emenda pelo congresso demorou;
            - A história do Brasil é fascinante;
            - Andei junto aos amigos;
            - Sou fiel à minha esposa;
            - Comi um bolo de chocolate.

Espero que ficou tudo claro. Qualquer coisa, entre em contato. Um beijo no coração e até a próxima.

Ivan Perina, Professor de Língua Portuguesa, Graduando em Letras pela UNICAMP.